segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Dois parágrafos.

Tantas vezes me calei perante vontades, perante medos, desgostos e incômodos. Fui flexível a vontades alheias, fingi estar agradada a certas coisas. Meti os pés pelas mãos e escondi certas coisas que na verdade estavam na cara, assim como escancarei verdades que ninguém gostaria que fossem sabidas.

Eu já menti, e ainda minto, transformando incertezas em verdades em que quero acreditar, pra que eu possa acreditar. Por que se eu deixar de acreditar, sinceramente não sei o que vai ser de mim, por que sou feita dos meus sonhos e das coisas que acredito. O problema é que o peso de uma ilusão fica maior quando pressionada pela realidade, o peso dói e nem sempre consigo sustentar. Neste momento, estou largando tudo no chão.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Nada

Não estou triste, não estou chateada nem magoada. Apenas não estou, não estou aqui ou lá. Estou ausente de tudo e principalmente de mim. Estou em desconexão com o mundo e comigo mesma. Estou resguardada na minha estável monotonia, na segurança da rotina de meus dias. E não é difícil compreender que apenas não estou e que isso não é necessariamente algo ruim, pois a solidão me guarda naquilo que sou, mesmo quando ausente.

Estou desconexa de tudo o que me estraga e consequentemente, de tudo o que me faz sorrir.

Estou na ausência encontrada nas cartas que jamais enviei, mas palavras que pensei e não falei e do problemas que não resolvi. Estagnada na c^moda posição de nada.

Tudo o que planejamos e desejamos, e todo o tempo gasto para que consigamos ser e ter tudo o que queremos, os sacrifícios para um ganho que da a unica certeza de que perdera o sentido mais cedo ou mais tarde.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Romantismo

Semana passada estive em Porto Alegre, cidade pela qual tenho muito carinho apesar de todas as coisas péssimas de uma cidade como esta... Gosto pela diversidade de tudo em cada canto, pelo corre-corre, sei la... Enfim, foi lá que vi uma cena que não só me chamou a atenção como também me levou a escrever este texto.

Estava sentada em um banco em uma galeria, quando a conversa cessou e eu olhei para os lados, observando as pessoas, com suas caras preocupadas, todas compenetradas em seus mundinhos mentais, sabe-se la pensando noque para que resultasse nessas expressões carrancudas em sua maioria e que as levassem em passos apressados a sabe-se la qual destino ou compromisso. Quando de relance olhei para um espelho que mostrava uma escada rolante que antes não estava em meu campo de visão, avistei um casal de velhinhos subindo na escada rolante. Um senhor de ralos cabelos brancos e uma senhora de coque, com roupas comuns. Quando algo o fez rir e ele apenas olhou para ela e deu-lhe um beijo. Não um habitual selinho de vovôs, mas um beijo.

Não gosto de ver casais se beijando, mas essa foi uma cena bonita, não no sentido convencional, não foi bonita esteticamente; foi bonita por causa de algo que muito falta atualmente, por que é tosco, por que é humilhante, e que fica reservado para os romances "água com açúcar" nos quais sinceramente não vejo a minima graça. Romantismo, eis o x da questão.

No meio de um frenesi urbano em uma paisagem não agradável aos olhos, que até muito se cansam de feiura, uma tarde comum em um dia comum, um senhor comum, olha para sua esposa com quem, quem sabe, esta casado a 30, 40, talvez 50 anos, uma senhora comum, sem beleza especial, sem nenhum adorno especial além de um sorriso no rosto. O que faz com que ele apenas ceda ao impulso de beija-la em publico? Ou o que faz com que ele tenha este impulso?


Romantismo é algo que se perdeu de mais, e que esta presente em pequenos atos já não mais praticados, como um beijo para quebrar o tédio dos infinitos segundos em cima de uma escada rolante. Ou comprar uma rosa em um dia comum, ou levar um café na cama em um domingo de ressaca, um bilhete sobre o travesseiro, uma mensagem no meio da noite, cantar uma canção desafinadamente olhando nos olhos, abrir a porta do carro, puxar a cadeira, elogiar. Coisas simples mas que alegram o dia, que preenchem os vazios deixados pela rotina.

Não acho que seja possível amar para sempre mas é possível reaprender a amar ou reapaixonar-se por pessoas apaixonantes, por pessoas amáveis que demonstrem um pouco de romance de vez em quando, por que romance não é só coisa de livro, é demonstração de algo que as vezes fica esquecido.