segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Minha Terapia

Não posso descrever o ar que respiro, que as vezes me falta, mas que de qualquer maneira me mantem viva constantemente.

Talvez por isso eu escreva apenas coisas não muito felizes, aprendi a esmiuçar qualquer resquício de infelicidade e trazê-los a este recanto, para que não possam crescer dentro de mim. Talvez ciúmes da minha felicidade, ou medo de que os outros tenham ciúmes dela... Não aprendi a escrever coisas bonitas sobre felicidade por que ela é naturalmente bonita, não precisa de frases elaboradas, e ela esta em todos os lugares, nem sempre tão distinta, mas em contraste com as coisas feias, por que assim como o caos e a dor, ela também esta abrigada nas banalidades.

No sol rasgando a neblina de manha, no vapor dançante fugindo do café, no sorriso de um desconhecido, nas bobagens faladas, nos cálculos corretos, no vento, na chuva que bate na janela, no semáforo que abre, no brilho das luzes da cidade noturna, no riso de uma criança, no reflexo da poça d'água, na valsa das nuvens, no ócio desatento, na sensação impar de deixar o corpo cansado cair na cama no final do dia que foi uma mistura quase homogênea de caos e paz.

Se entendo o caos, aprendo a valorizar a paz. Se hoje estou triste amanha minha felicidade sera gritante, é um jogo de contrastes que apenas requer um breve estudo, um pouco de cuidado para que possa ser distinguido. Não se preocupe, estou bem, é só um pouco de overdose de contrastes.

Um comentário:

  1. Continue com toda essa overdose de espírito contaminado de paixão pela escrita, que é o pensamento organizado... Seu devaneio está um primor, senti-me tomado pelas imagens que compartilhou e nos/me trouxe até aqui...
    Parabéns, Julia Linspector!!!
    Continue assim, uma aluna e escritora nota 10.
    Abraço!

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